forte. eu sempre fui uma pessoa forte. não forte fisicamente. não (isso nunca), mas psicologicamente.
as emoções muito espalhafatosas nunca foram para ele. achava ridículo tanta encenação e teatro.
ela dava importância a tudo o que ninguém mais via: nada: mundos dentro de uma só pessoa.
aguentei sempre o mais que podia, tudo o que não podia: dizer fazer...
o que era verdadeiro, não tinha pontos de exclamação, nem interrogações sucessivas e tão expressivas como nas novelas, em que as pessoas exageram tanto por tão pouco...
uma florzinha amarela no meio da relva verde, um coraçãozinho vermelho numa pessoa fria e distante...
comecei a guardar tudo dentro de mim. a pôr etiquetas nos pensamentos, nos sentimentos e a mandá-los para uma gaveta poeirenta trancada dentro da minha cabeça...
ele sabia disso melhor que ninguém. era mais fácil falar abertamente sobre o que sentia, sem rodeios: simplificar.
e ela conhecia a bondade nas pessoas: o amor: o medo: uma angustiazinha sem importância. e tentava resolver tudo.
é mais fácil não falar sobre as coisas. deixa-las passar. perdoar e passar. e nunca partilhar com outros.
por isso quando as coisas começavam a complicar, fugia. ao mínimo erro: fugir (ou desviar caminho?)
deixar as pessoas felizes. contentes. agradar: a todos.
eu acreditava que tudo o que não conseguiamos resolver, ninguém mais conseguia. (para passar, temos que passar sozinhos, os outros só atrapalham)
passou sempre a vida assim. talvez seja força do hábito. dos papás: a vida facilitada: tudo.
mas viver sempre no meio de tanta perfeição e felicidade cansava. era sempre tudo tão exacto. não havia margem para enganos.
(...)
eu continuo a não acreditar nas pessoas (muito). ter mais confiança em nós mesmos. a ter força: a força que nunca nos deram, mas que nasce não sei de onde.
ele ainda foge dos problemas. (um problema grande é as namoradas nunca lhe durarem muito... mas namoradas nunca foram um problema para ele. não se chateia. foge e vive: e sorri)
ela continua a ver as coisas que os outros não vêm (nunca viram e nunca verão). mas está cansada. e agora só quer é dormir.
[não a acordem por favor]